O
IPCC considera agora "extremamente provável" que a influência humana
seja a principal causa do aquecimento global observado desde medos do
século XX. Os especialistas calculam esta certeza em 95%, contra 90% do
relatório anterior de 2007.
O relatório, de 30 páginas, é uma síntese de mais de 9.000 estudos
científicos publicados e foi ratificado por 110 governos representados
em Estocolmo.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, agradeceu ao IPCC por sua "avaliação regular e imparcial" da mudança climática.
"Este novo relatório será essencial para os governos que trabalham
para alcançar acordos ambiciosos e legalmente vinculantes sobre a
mudança climática em 2015", completou Ban, em um discurso exibido por
vídeo durante a entrevista coletiva de apresentação do texto.
O secretário de Estado americano, John Kerry, pediu nesta sexta-feira
à comunidade internacional uma ação forte e uma cooperação maior.
"Se já existiu um tema que pediu mais cooperação, parceria e compromisso diplomático, é este", afirma Kerry em um comunicado.
"Apenas a ação dos seres humanos pode salvar o mundo dos piores impactos" que pesam sobre o planeta, completou.
"A verdade incômoda se confirma", consideraram as principais ONGs ecologistas - Greenpeace, Oxfam, WWF e Amigos da Terra.
"Depois de 25 anos de relatórios do IPCC, a verdade incômoda se
confirma: a mudança climática é real, ocorre em um ritmo alarmante e as
atividades humanas, principalmente a combustão, a provocam", indicaram
em um comunicado conjunto estas ONGs.
O painel analisa quatro cenários possíveis sobre as mudanças
climáticas até 2100, mas sem um pronunciamento sobre a probabilidade de
cada um virar realidade.
No caso mais otimista, a temperatura subirá 0,3°C, e na hipótese mais
pessimista 4,8°C na comparação com a temperatura média do período
1986-2005.
A variação da temperatura dependerá em grande medida da emissão de
gases que provocam o efeito estufa na atmosfera nas próximas décadas. A
temperatura terrestre já aumentou quase 0,8°C desde a época
pré-industrial.
"Para limitar a mudança climática é necessário reduzir
substancialmente e de forma duradoura a emissão de gases do efeito
estufa", afirma em um comunicado Thomas Stocker, co-presidente do
painel.
Apenas o cenário mais otimista permitiria conter o aumento das
temperaturas em 2ºC. "Mas isto só acontecerá com uma ação rápida",
afirmou o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial, Michel
Jarraud.
Aumento do nível do mar e fenômenos extremos
O IPCC também revisou em alta as previsões sobre o aumento do nível
do mar, uma das principais consequências do aquecimento global: os
cientistas acreditam agora que o nível pode subir entre 26 e 82 cm
durante o século XXI, contra a estimativa de entre 18 e 59 cm divulgada
em 2007.
Os especialistas avaliam de maneira aperfeiçoada agora o fenômeno do
degelo das geleiras da costa da Groenlândia e do Antártico, que eleva o
nível do mar.
Os especialistas da ONU também preveem que a mudança climática
provocará novos fenômenos extremos, mas de magnitude ainda desconhecida.
"As ondas de calor acontecerão com mais frequência e durarão mais
tempo. Com o aquecimento da Terra, acreditamos que acontecerão mais
chuvas nas regiões úmidas e menos nas regiões secas, mas teremos
exceções", disse Stocker.
O IPCC, criado há 25 anos pela ONU, tem por objetivo estabelecer um
diagnóstico para orientar as decisões das autoridades políticas e
econômicas, mas não propõe medidas de ação concretas.
O novo diagnóstico servirá de base para as negociações internacionais
sobre o clima que pretendem alcançar um acordo em 2015. Os 195 países
participantes querem limitar a 2°C o aumento da temperatura na
comparação com a era pré-industrial.
Mas segundo o IPCC este ambicioso objetivo só será alcançado se for
confirmado o cenário de um aumento de 0,3°C durante o século XXI.
"Sabemos que os esforços para limitar a mudança climática não são
suficientes para inverter a tendência do aumento das emissões de gases
do efeito estufa", disse Christiana Figueres, secretária executiva da
ONU sobre o clima.
"Para tirar a humanidade da zona de perigo, os governos têm que
adotar medidas imediatas e chegar a um acordo em 2015, na grande
conferência da ONU prevista para Paris", completou.
fonte: Yahoo